Contrato assinado na gestão dos ex-prefeitos Márcio Tenório e Gracinha com a
empresa G&A Assessoria, Consultoria e Projetos previa repasse de R$ 4,7 milhões
pela regularização de 14 núcleos habitacionais, mas nenhum foi legalizado
O Prefeito Toninho Colucci fez uso da tribuna popular na sessão ordinária da
Câmara Municipal de Ilhabela, realizada na noite da última terça-feira (29/3).
Na ocasião, o Prefeito rebateu as críticas que vem recebendo do vereador Raul
Cordeiro (PSD) e apresentou documentos que levantam a suspeita de um
suposto esquema de pagamentos efetuados pela gestão anterior para empresa
que detém contrato para regularizar 14 núcleos habitacionais na cidade, do
qual o vereador Raul Cordeiro estaria envolvido.
“Quando a gente faz acusações, mata a cobra e mostra o pau. Tem gente que
teve uma atitude num determinado Governo e agora tem outra, porque quer
dificultar as coisas. É um desqualificado, que ocupou e ganhou dinheiro público
e é por isso que não fez”, destacou Colucci.
O contrato foi assinado em 2 de maio de 2019, na gestão dos ex-prefeitos
Márcio Tenório e Maria das Graças Ferreira (Gracinha) com a empresa G&A
Assessoria, Consultoria e Projetos, a um valor de quase R$ 4,7 milhões.
De acordo com a Portaria 1277, Raul Cordeiro foi nomeado como gestor do
contrato pelo ex-prefeito Márcio Tenório. Na ocasião, ele ocupava o cargo de
diretor de Habitação na Prefeitura de Ilhabela. Porém, o Ministério Público
identificou irregularidades na reforma administrativa proposta por Márcio
Tenório e extinguiu os cargos em janeiro de 2019.
Foi então que Raul Cordeiro deixa de ser gestor do contrato e passa a
trabalhar para a empresa G&A Assessoria, Consultoria e Projetos. Além de
Raul Cordeiro, sua esposa e a prima faziam parte da empresa.
Ao todo, seis medições foram realizadas no contrato e o valor repassado pela
Prefeitura à empresa até dezembro de 2020 chega a R$ 3,15 milhões, boa
parte pagas no final da gestão da ex-prefeita Gracinha.
“Ele apenas mudou de lado do balcão e não foi sozinho. Levou a esposa e a
prima dele, que veio lá de Pernambuco, para ajudar na empresa, ganhar um
dinheirinho e ajudar na campanha dele, e daí ele se vende como o paladino da
regularização fundiária. Pagaram mais de R$ 3,15 milhões, 67% do contrato,
para regularizar 1500 imóveis. Aí eu pergunto, sabe quantos foram
regularizados? Nenhum. Desafio alguém a me trazer pelo menos um
regularizado. Esse é o vereador que se diz honesto”, pontuou Colucci.
Conforme os documentos, nenhum dos 14 núcleos elencados no contrato foi
regularizado. São eles: Morro dos Mineiros, Rodamonte, Cobata I e II, Costa
Bela, Engenho Novo, Estrada do Camarão, Estrada de Castelhanos, Portinho,
Reino, Santa Catarina, Santa Terezinha I e II, Senzala/Buraco do Morcego,
Bexiga e Cantagalo. Os núcleos representam mais de 1,5 mil imóveis e
beneficiariam mais de 6 mil moradores.
“Eu não tenho medo de mentirosos. Eu não tenho medo da oposição, porque a
verdade sempre prevalece. A população e Deus estão comigo. Vamos
trabalhar muito, como fizemos no passado, para fazer Ilhabela cada vez
melhor”, finalizou Colucci.
Cassação
Tramita na Câmara Municipal de Ilhabela uma CP (Comissão Processante)
contra o vereador Raul Cordeiro, onde foi representado o pedido de cassação
do parlamentar por quebra de decoro.
A representação, protocolada pelos partidos políticos Republicanos, Pdt e Pl,
destaca que, “além de atribuir diversas práticas ilegais aos vereadores sem
quaisquer provas, o Representado desrespeitou com ainda mais contundência
vários vereadores de forma despropositada, referindo-se a eles sem os devidos
pronomes de tratamentos adequados numa casa de leis, além de usar termos
pejorativos como para se referir aos colegas […] tudo isto porque não
concordou com o resultado da votação democrática dos seus requerimentos”.
Sem apresentar provas, Raul Cordeiro acusou também, na ocasião, o prefeito
Toninho Colucci por corrupção, alegando que teriam sumido com R$15 milhões
dos cofres públicos com a desapropriação da Fazenda Cuiabá, no Perequê.
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