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Conferência das Comunidades Tradicionais de Ubatuba encerra com apresentação de propostas

Mais de 200 pessoas participaram da I Conferência Municipal das

Comunidades Tradicionais de Ubatuba, realizada na última terça-feira, 21, no

Teatro Municipal Pedro Paulo Teixeira Pinto, com o tema “Povos e

Comunidades Tradicionais e o Direito à Cidadania”.


O encontro reuniu delegados e delegadas das comunidades indígena,

quilombola e caiçara eleitos em nove pré-conferências realizadas entre

fevereiro e abril deste ano nos quilombos da Caçandoca, Camburi, Fazenda e

Sertão do Itamambuca, nas aldeias indígenas Boa Vista, Akaray-Mirim, Rio

Bonito e Renascer, e caiçaras das regiões Centro, Sul e Norte, assim como

membros da comissão organizadora, representantes das secretarias

municipais, de órgãos públicos estaduais e federais, conselhos municipais e

organização não governamentais.


Entres os presentes, estavam o Instituto de Terra do Estado de São Paulo

(Itesp), a Defensoria Pública do Estado, Instituto Federal de Educação, Ciência

e Tecnologia de São Paulo, Fundação Cultural Palmares, Fundação Nacional

do Índio (Funai), Fundação Florestal, Coordenadoria de Assistência Técnica

Integral (CATI) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento,

Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania, representantes dos Conselhos

Municipais de Meio Ambiente e de Política Cultural, Instituto Capiá, Instituto da

Árvore, Associação de Amigos e Remadores da Canoa Caiçara, entre outras

organizações.


“Estamos muito contentes em dar oportunidade e voz às comunidades. Foi um

pedido da prefeita Flavia Pascoal de aproximar o poder público das

comunidades. Depois da conferência, ainda teremos outro trabalho que é o de

elaborar o Plano Municipal das Comunidades Tradicionais de Ubatuba”,

destacou o secretário municipal de Assistência Social, Anderson Paiva, na

abertura do encontro. “Agradeço a todas as secretarias que participaram dos

encontros preparatórios, ao grupo de trabalho que fez várias reuniões desde o

ano passado para que esta conferência acontecesse e às comunidades pelo

empenho, mobilização e participação”, completou.


“Agradeço o empenho das secretarias municipais e da comissão organizadora

na realização desta conferência”, destacou a prefeita Flavia Pascoal, que

lembrou os esforços realizados para conquistar verbas para melhorias nos

territórios das comunidades tradicionais. Elas incluem a construção de nova

ponte do Ubatumirim e na Aldeia Rio Bonito, a pavimentação da estrada da

Casanga e a criação de espaços de cultura, lazer e compartilhamento, entre

outras ações.


Programação

O encontro abriu com a apresentação dos corais da Aldeia Boa Vista “Xondaro

Mirim Maborai” e da Aldeia Renascer, “Renascer Ywyty Guaçu”. Após as falas

iniciais, o plenário se dividiu em grupos para leitura das propostas elaboradas

nas pré-conferências, definição de propostas específicas e gerais a todas as

comunidades e das prioridades.


No período da manhã, foram realizados os grupos temáticos de Cultura e

Identidade; Trabalho, Renda e Pesca Artesanal; Saúde e Saneamento Básico;

Educação, Inclusão Digital, Esporte e Lazer.


No período da tarde ocorreu a apresentação do grupo de jongo “Ô de Casa”,

do Quilombo da Fazenda. Na sequência, a plenária se dividiu em grupos

novamente que trataram as propostas dos eixos temáticos Assistência Social e

Soberania Alimentar e Nutricional; Turismo, Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável; Infraestrutura e Direito ao Território; Transporte e Segurança

Pública.


Após os grupos da tarde, foi feita a apresentação em plenária e votação das

propostas de inclusão ou modificação em cada eixo temático. Não houve

tempo para concluir esse trabalho e o plenário deliberou então pela realização

de um encontro específico de delegados e delegadas das comunidades

tradicionais para conclusão da votação e do relatório final da conferência para

futura divulgação.


O encerramento da conferência teve baile de Fandango Caiçara de Ubatuba e

confraternização entre todos os participantes. “Foi um grande passo no sentido

da valorização e fortalecimento dos povos e comunidades tradicionais de

Ubatuba e defesa de seus direitos", destacou o sociólogo Uirá de Freitas Alves,membro da comissão organizadora e responsável pela facilitação do processo

da conferência.


A voz das comunidades

“É um marco na nossa história em Ubatuba e agradeço ao grupo de trabalho

pelo compromisso na realização da conferência”, destacou o cacique Marcos

Tupã, da Aldeia Boa Vista. “É triste ver a nível nacional os ataques contra

direitos dos povos originários e comunidades tradicionais. Temos que ter muita

força, somos nós que vamos poder fazer valer nosso direito”, lembrou.


Laura de Jesus Braga, do Quilombo da Fazenda, destacou que a conferência é

um momento especial: “É uma construção muito grande para transformar

Ubatuba, temos demandas, objetivos e desejos comuns. Sabemos que ainda

há muito trabalho pela frente. Os mais fortes querem engolir os fracos e

sofremos isso em nossas comunidades. Agradeço a todos”, afirmou. Antonio


dos Santos, do Quilombo da Caçandoca, pediu um minuto de silêncio em

memória de lideranças das comunidades tradicionais assassinadas.

“A expectativa é que as demandas das comunidades tradicionais virem

políticas públicas e sejam efetivadas no município”, destacou Luisa Vilas Boas

Cardoso, da comunidade caiçara do Prumirim.

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