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Escola da Caçandoca voltará a funcionar após 40 anos




“Histórias, nossas histórias. Dias de luta, dias de glória”. Esse trecho da música da banda Charlie Brown Júnio define muito bem a trajetória da comunidade do Quilombo da Caçandoca em busca da revitalização da escola municipal do território. Enfim, após 40 anos de esforços e apoio para obras a fim de reativar a unidade, a sede foi totalmente reformada e oficialmente entregue pela prefeita Flavia Pascoal no último sábado, 27.


A cerimônia teve a presença de representantes do poder público municipal, vereadores e a população local em peso, que comemorou a conquista. O investimento foi de cerca de R$ 200 mil, e contou com recursos próprios da Secretaria Municipal de Educação (SME) e emenda parlamentar. Inicialmente, serão atendidas cerca de 20 crianças em salas multisseriadas de Ensino Infantil e Fundamental.


A presidente da Associação dos Remanescentes da Comunidade do Quilombo da Caçandoca, Rafaela Marcolino, comentou sobre a alegria de ver a conquista realizada após anos


“Contamos com a parceria da SME e esse é só o início de um grande sonho. A minha foi uma das últimas turmas a estudar na Caçandoca e, hoje, é uma alegria ver essas crianças retornando à escola”, comemorou.


Maria Gabriel do Prado, mais conhecida como Dona Maria da Caçandoca, também celebrou a conquista relembrando o passado. “Eu tenho 81 anos e estudei nessa escola. Passei pela mão de vários professores e era uma pena ver essas crianças saírem daqui para irem até a Maranduba estudar. Para mim, esse é o melhor presente”, destacou.


A representante do conselho deliberativo da Associação, Isabel Silva, fez questão de mencionar a importância da escola, que vai enaltecer a cultura local, por meio de uma educação diferenciada. Esse ponto também foi destacado por Vicentina Gabriel, que além de membro da SME também atua na Associação local. ´


“Além de ser um espaço educativo, é um espaço de memória e de memória afetiva, essa escola vai ser uma referência de educação diferenciada”, reafirmou.

“Nós somos uma comunidade quilombola. Nós temos uma identidade, nós temos uma ancestralidade e não podemos perder isso de vista nunca. E isso a gente precisa passar para as nossas crianças, para os nossos jovens e até para os nossos adultos que ainda estão nesse processo de consciência e pertencimento”, complementou Vicentina.


A educadora ainda falou um pouco sobre as perspectivas da oferta de curso gratuito de Licenciatura em Educação de Campo para integrantes das comunidades tradicionais de Ubatuba, que deverá ser sediada nesta escola. O curso formará professores para atuar nos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio, habilitando para lecionar as seguintes disciplinas: História, Geografia, Filosofia e Sociologia.


Qualquer pessoa das Comunidades Tradicionais que tenha concluído o Ensino Médio poderá se inscrever. Além disso, 50% das vagas será disponibilizada para professores que já tenham ensino superior e queiram participar da formação. No total, são 60 vagas: 30 para Ubatuba e 30 para São Sebastião.

 

Denominação

A escola passará a se chamar Escola Municipal Quilombola Benedita Chrispin dos Santos – após aprovação do Projeto de Lei na Câmara Municipal. Esse foi um nome escolhido pela comunidade em memória da saudosa funcionária, que trabalhou como merendeira até o fechamento da unidade.


Benedita Chrispin dos Santos nasceu em Ubatuba no dia 6 de março de 1938. É filha de Anastácio Chrispin dos Santos e de Benedita Rita do Espírito Santo. Nos Anos 90, iniciou seu trabalhar na Escola da Caçandoca como merendeira até o fechamento da unidade. Então, se mudou para o Sertão da Quina para continuar o seu trabalho na Prefeitura Municipal de Ubatuba até se aposentar. Benedita faleceu no dia 8 de setembro de 2023.

 

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