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Justiça autoriza remoção de moradores das áreas de risco em São Sebastião

A Justiça de Caraguatatuba atendeu ao pedido apresentado pela Procuradoria

Geral do Estado de São Paulo e o município de São Sebastião e concedeu

liminar para que as famílias que ainda vivem nas áreas de risco possam ser

removidas para abrigos.



A informação foi confirmada na manhã desta quarta-feira (22) pelo

governador Tarcísio de Freitas, que permanece na região acompanhando o

trabalho de salvamento, resgate e acolhimento das pessoas atingidas pelas

fortes chuvas no litoral norte do estado.


Segundo o governador, a ação foi sugerida para que a Justiça permita “em

último caso, a remoção contra a vontade das pessoas”. “Obrigar é muito

complicado, então, vamos vir com assistência social tentando convencer a

pessoa a sair. Ontem, na Barra do Sahy uma senhora me pediu ajuda porque o

pai não queria sair da casa, que está com muito risco de cair. Estamos lá

tentando convencer o pai a sair. Por isso, vamos usar todos os argumentos,

mostrar o risco, acolher, proteger o patrimônio e, em último caso, a gente vai

fazer a remoção compulsória”, explicou o governador de São Paulo.


Ao lado de secretários de Estado, que participam do gabinete de crise criado

em São Sebastião para monitorar todo o trabalho de reconstrução de acessos

aos bairros mais atingidos, Tarcísio ressaltou que a decisão é necessária diante

da gravidade da situação e pelo risco de novos deslizamentos e alagamentos.

A previsão é de mais chuvas para a região até sexta-feira.


O Governo do Estado declarou estado de calamidade pública nos municípios

atingidos pelas chuvas. Desde domingo foi iniciado um grande trabalho de

busca e salvamento, montagem de abrigos, distribuição de ajuda humanitária,

desobstrução das vias, avaliação e reparos para restabelecimento do

abastecimento de água, energia elétrica e telefonia. Há mais de mil

profissionais trabalhando nas áreas, inclusive assistentes sociais.


Com os danos provocados pelas chuvas, as equipes de salvamento enfrentam

obstáculos para chegar aos locais afetados. O trabalho para desobstrução das

vias é intenso e complexo devido à enorme quantidade de detritos, sedimentos,

escombros, árvores e solapamento de vias. Até agora foram contabilizados 48

mortos e há desaparecidos.


O juiz Paulo Guilherme de Faria concedeu liminar para evacuar moradores

situados em área de risco de Boiçucanga, Juquehy, Cambury, Barra do Sahy,

Maresias, Paúba, Toque Toque Pequeno, Barra do Una, Barequeçaba,

Varadouro, Itatinga, Olaria, Topolândia, Morro do Abrigo, Enseada e Jaraguá, e

outras áreas que podem ser identificadas e incluídas nessa lista.


A medida tem “caráter preventivo e provisório, devendo cessar tão logo a

situação climática esteja favorável”, cita a Justiça. A decisão reforça que a

liminar deve ser usada como última ferramenta às pessoas que se recusarem a

deixar as áreas que realmente estão sob o risco de deslizamentos ou

desastres.


“Convém alertar que o direito a moradia não pode superar os direitos à vida, à

saúde e à segurança”, cita a decisão, e que a continuidade das chuvas “pode

ocasionar mais deslizamentos de terras, colocando em risco profissionais que

trabalham nas buscas e os moradores que permanecem em áreas de risco”.

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