Eleito na base dos ex-prefeitos Gracinha e Tenório, ele convocou
correligionários para intimidar vereadores e tentar fugir de processo de
cassação
O vereador Raul da Habitação resolveu disparar ataques contra os
companheiros de Câmara de Ilhabela por rejeitarem seus requerimentos na
sessão do dia 08 de março. Com discursos ofensivos e preconceituosos, ele
mirou vários vereadores, entre eles, Zé Preto.
“Eu pergunto a todos os vereadores que reprovaram os meus requerimentos,
quando os senhores bateram na porta dos seus eleitores para pedir voto, era
pra isso que vocês saíram candidatos?”, esbravejou ele na tribuna.
E nominalmente foi falando dos vereadores. “Zé Preto eu nem vou falar nada,
que eu tenho dó é do eleitor dele, eu não sei o que passa na cabeça de uma
pessoa votar num cidadão desse”.
E depois foi em direção ao vereador Felipe Gomes. “O Felipe (Gomes) era o
vereador que mais fiscalizava e hoje abaixou a orelha, ficou quieto. Que será
que aconteceu? Que conversa foi essa que falaram no ouvido dele, para ele
ficar quieto agora numa coisa que ele tanto fiscalizava?”, disse.
Ainda no discurso, ele falou também do vereador Ezequiel. “Tem um ditado que
diz que a gente conhece a pessoa dando poder para ela. Será que foi isso,
vereador Ezequiel, que você prometeu para os seus eleitores? Que ia baixar a
orelha e virar cordeirinho, fechando os olhos para tudo o que acontece nesta
cidade?”.
Outros três vereadores foram citados. “Vereador Gabriel já não me surpreende,
que ele só mostrou a que veio. Qual o medo, vereador Leleco quanto vai ser
repassado para as escolas de samba? Foi pra isso, Alessandro, que se diz
abençoado, que você saiu candidato? Para fechar os olhos para o que está
acontecendo na nossa cidade? Se falou agora em cassação aqui na tribuna,
devia cassar é vereador omisso”, disparou.
Alguns vereadores até responderam os comentários de Raul da Habitação. “Foi
muito mimimi por causa de uma reprovação de um requerimento”, disse
Alessandro Abençoado.
Já o vereador Gabriel pediu “respeito acima de tudo” e disse que os vereadores
têm a porta aberta para conseguir as informações na Prefeitura de Ilhabela.
“A Justiça me garante o direito de eu denunciar o que quiser, mesmo sem
provas”, afirma vereador
Já na sessão desta semana, com a presença de correligionários convocados e
portando faixas, Raul fez o famoso discurso “jogar para torcida”.
Ele se apegou na chamada imunidade parlamentar para continuar as suas
calúnias. “A Justiça me garante o direito de eu denunciar o que quiser, mesmo
não tendo provas. Os vereadores têm famílias, tem filhos. Peço desculpa a
todos, mas estou fazendo o meu dever e minha obrigação. Não tenho medo de
cassação”, cita.
Mesmo com parecer desfavorável em manifestação do Ministério Público,
novas análises jurídicas serão feitas por um possível processo de quebra de
decoro parlamentar.
O Jornal Expressão Caiçara consultou o advogado Sidney Apocalipse para
analisar se caberia a quebra de decoro.
“Muito embora o vereador goze da imunidade parlamentar a permitir que no
uso da tribuna se possa fazer críticas de diversas, não se pode esquecer de
que a mesma Constituição que assegura tal liberdade, também prescreve em
seu artigo 55, II, que que Deputado ou Senador, e, como tal, também os
Vereadores, perderá o mandato se o procedimento for declarado incompatível
com o decoro parlamentar. Vale dizer, se os demais parlamentares, em
processo regular, julgarem ter ocorrido falta de decoro por parte do Senhor
Vereador Raul, este poderá ser punido por seus pares com a cassação de seu
mandato”, explica.
Ele aproveitou a oportunidade para repudiar com veemência a generalização
feita em mais de uma oportunidade pelo vereador, ao dizer que o Governo é
corrupto.
“Sou membro desse Governo e assim, atingido como também fui, gostaria de
ver quais seriam os apontamentos que haveria o Senhor Vereador de fazer
para nos caracterizar como corruptos. Talvez esse Senhor, por ter participado
de um governo que se caracterizou por desmandos que levaram a afastamento
e até prisões, possa, por ter conhecimento de causa, nos dar mais precisas
indicações. Ele deve saber o caminho que trilham os corruptos para pretender
acusar como acusou”, finaliza.
Outro lado
Procurado pela reportagem, o vereador Raul da Habitação afirmou que não
tem nenhum tipo de processo. “Primeiro porque, enquanto eu tiver a proteção
de Deus e o apoio do povo, continuarei lutando pelo bem de Ilhabela. Segundo,
porque não cometi nenhum tipo de crime, muito pelo contrário, estava apenas
buscando entender por qual motivo dois requerimentos de minha autoria foram
reprovados pela maioria dos nobres pares. Posteriormente, minha fala foi
distorcida e tentaram fazer com que parecesse uma fala discriminatória. Algo
que eu jamais faria e, graças a Deus, o povo não foi manipulado. Eu conto com
o povo, que me dá forças para continuar, sempre, buscando fazer o meu
trabalho da melhor forma possível, assim como foi demonstrado na Sessão
Ordinária (15) em que recebi grande apoio popular”.
Em relação às provas contra a gestão municipal, o vereador não apresentou
nenhum documento, pois disse que que alguns processos correm em segredo
de Justiça.
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