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Rede de solidariedade e reconstrução entram na história de São Sebastião após tragédia

Foto do escritor: caicaraexpressaocaicaraexpressao

Madrugada de domingo, 19 de fevereiro de 2023, às 2h53. A Defesa Civil de

São Sebastião recebe o primeiro chamado sobre as fortes chuvas que caem na

Costa Sul. A previsão era de 250 milímetros, mas choveu muito além do que se

imaginava. Mas horas antes, por volta das 20h do sábado, as equipes já

avisadas da chegada de uma chuva muito forte prevista para região, já

estavam nas ruas fazendo atendimentos como cortes de árvores, contenção de

deslizamentos de encostas e pontos de alagamentos.



Especificamente da Vila Sahy e do Itatinga os relatos começam a chegar e a

assustar. Parte dos morros veio abaixo, enxurradas de lama correm pelas

vielas, invadem casas, carros, arrastam o que tem pela frente. Uma tragédia se

instala na cidade. Uma rede de solidariedade e empatia se estende pelo país,

pelo mundo.


Defesa Civil e Bombeiros seguem para o socorro de possíveis vítimas. A

situação é desoladora. Dezenas de casas desaparecem entre árvores,

encostas e pedras. Em meio à escuridão e ainda ao temporal, a busca

desenfreada por moradores da comunidade que estavam dormindo e

acordaram com o caos.


Todos os órgãos de Defesa como Polícia Militar e Forças Armadas (Exército,

Marinha, Aeronáutica), governos estadual e federal são acionados e chegam à

cidade logo no começo da manhã de segunda-feira (20/2). São Sebastião se

transforma em um canteiro humanitário na busca por sobreviventes. O início é

muito difícil porque as estradas estão bloqueadas e a única forma de se chegar

aos locais mais atingidos é pelo ar.


Tão logo foi avisado, ainda no início da madrugada, o prefeito Felipe Augusto já

acionou todos os integrantes do Plano Preventivo da Defesa Civil (PPDC)

composto por representantes das secretarias afins. Este plano entra em

operação de 1º de dezembro a 31 de março justamente por conta das chuvas

de verão.


Nas primeiras horas da manhã de domingo (19), com a chegada do governador

Tarcísio de Freitas e do coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Henguel

Ricardo Pereira, é feito voo de reconhecimento para verificar o estrago e

atendimento aos moradores. Uma estrutura sem precedentes é montada na

cidade.


O comando do Exército é acionado neste mesmo dia e autoriza a vinda de

tropas do Comando Militar do Sudeste. Neste primeiro momento são utilizadas

duas aeronaves, um HM-1 Pantera e um HM-4 Jaguar, com as respectivas

equipes de busca e salvamento. Técnicos do batalhão de Engenharia de

Pindamonhangaba chegam para atuar nos trabalhos de resgate de

desobstrução da Rodovia Rio-Santos (SP-55) que tem vários pontos afetados.


Até aí são mais de 600 profissionais de Forças Armadas e de Segurança, mais

de 50 viaturas e mais de 50 equipamentos pesados em ação. São militares do

Exército, do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária

Federal.



A preocupação com o número de vítimas e desaparecidos aumenta e com isso

também cresce o sentimento de pertencimento a uma cidade, a uma

comunidade.

Equipes de socorro e resgate oficiais, moradores, voluntários se unem na

procura de vidas. Mãos, pás, baldes e muita fé são as ferramentas que movem

a todos. Até o uso de tecnologia na procura por sinais de celulares foi crucial

para o encontro de vítimas.


A tristeza aumenta com a confirmação das primeiras vidas perdidas ainda no

domingo – até o momento são 63 - e, ao mesmo o tempo, correntes humanas

protagonizam cenas que ficaram marcadas na memória de todos que

vivenciaram esta que é considerada a maior catástrofe registrada no país. Em

apenas seis horas choveu quase 700 milímetros, mais que o dobro do

esperado para todo mês de fevereiro que é 303 mm.


Pela primeira vez, Município, Estado e União se unem para um bem coletivo e

buscam rápidas medidas para ajudar a população de São Sebastião. Nunca na

história política e social deste país ocorreram ações tão imediatas.


O presidente Lula da Silva chegou na terça-feira (21) juntamente com alguns

ministros como da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes e

o secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff; dos

Transportes, Renan Filho; ministro das Cidades, Jader Filho; Márcio França,

de Portos e Aeroportos; Rui Costa, da Casa Civil; Alexandre Padilha, das

Relações Institucionais; Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação; Márcio

Macedo, secretário geral da Presidência e Ana Moser, do Esporte.


Posteriormente, também visitaram os locais mais atingidos a ministra do Meio

Ambiente e Mudança do Clima Marina Silva, no dia 23, e a ministra da

Igualdade Racial, Anielle Franco, no dia 25.


Um Gabinete de Gerenciamento de Crise é criado no mesmo dia da catástrofe

para dar rapidez e celeridade nas ações. Ainda no domingo (19) é decretado

estado de calamidade pública pelo município e pouco depois ele é referendado

pelos governos do Estado e Federal. Hospital de Campanha da Marinha que

chegou no dia 23 com o navio Aeródromo Multipropósito ‘Atlântico’, apoio de

órgãos de outros municípios, desapropriação de área para construção de

moradias populares, abrigamento de moradores na rede hoteleira são medidas

que chegam para somar.


Começam a chegar a São Sebastião mais ajuda e doações para ajudar as

milhares de famílias desabrigadas e desalojadas que são levadas para abrigos

públicos, particulares, escolas, igrejas que somam mais de 300 toneladas.


Cada um tenta ajudar de uma forma. Barqueiros, restaurantes que servem a

população, cozinheiras que doam seu tempo para atender desabrigados e

voluntários. Uma associação vai em busca de animais que não conseguiram

sair das casas, ficaram presos no lamaçal e são cuidados e devolvidos a

famílias ou levados a tutores temporários e abrigos. Outra entidade leva

estrutura de higienização para a limpeza de moradias atingidas. Crianças

recebem atendimentos lúdicos para afastarem imagens daquela madrugada de

domingo, há sete dias.


Hoje, uma semana após a tragédia, o que se tira de tudo isso é o quanto o

povo é solidário, o quanto o brasileiro tem empatia e que a cidade vai se

levantar. “Essa foi a maior chuva da história do Brasil, que trouxe tanta dor e

tanta tristeza para nós sebastianenses. Mas, uma coisa eu garanto para você,

não ficarei de braços cruzados. Vamos reconstruir São Sebastião e vamos lutar

até o fim para garantir a dignidade das pessoas, com um plano de habitação

popular justo”, reflete o prefeito Felipe Augusto após 168 horas percorrendo os

bairros afetados, conversando com as comunidades, trabalhando em busca de

medidas para que São Sebastião volte a brilhar.

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