O Ministério Público de São Paulo, através do GAECO, solicitou a suspensão imediata dos mandatos dos vereadores José Roberto Monteiro Júnior (Junior JR), Josué Lourenço dos Santos (D´Menor) e Eugênio Zwibelberg, da Câmara Municipal de Ubatuba. A denúncia aponta que os parlamentares lideravam um esquema de "rachadinha", envolvendo ameaças, fraudes processuais e até cárcere privado de testemunhas.
A denúncia do MP contra os três vereadores de Ubatuba, com apoio de assessores e associados, revela um complexo esquema de corrupção dentro da Câmara Municipal, no qual práticas ilícitas como a “rachadinha” obrigavam servidores a devolver parte de seus salários para permanecerem nos cargos.
As investigações apontam ainda para crimes de coação e manipulação de provas, culminando em pedidos de medidas cautelares para afastamento imediato dos envolvidos.
O MP detalha que o vereador Eugênio Zwibelberg teria contratado seguranças particulares para ameaçar e, em casos extremos, eliminar pessoas ligadas à investigação, como o vereador Rogério Frediani e o advogado Marcelo Mourão. Esse tipo de ação, segundo o MP, visava criar um clima de intimidação para obstruir as investigações e intimidar denunciantes.
Durante as operações de busca, armas de fogo foram apreendidas nas residências dos vereadores, evidenciando o uso de intimidação. Em um dos episódios, o vereador D’Menor teria sido visto armado ao exigir que materiais destinados à infraestrutura pública fossem desviados para seu reduto eleitoral, além de intimidar servidores de saúde.
Manipulação de provas também foi identificada. Eugênio Zwibelberg forneceu aos agentes um celular alternativo para esconder evidências, enquanto mensagens recuperadas mostram Junior Jr. em contato com a deputada Renata sobre o andamento das investigações e com Victor sobre trocas de aparelhos telefônicos, sugerindo tentativas de dificultar a coleta de provas. Autoridades também recuperaram registros que indicam que D’Menor manteve uma testemunha, identificada como "Charlie", em cárcere privado.
Dada a gravidade das acusações e o risco de que continuem a influenciar processos ou testemunhas, o MP solicita que os vereadores sejam suspensos imediatamente de suas funções públicas e impedidos de frequentar a Câmara Municipal de Ubatuba enquanto o caso estiver em andamento. Além disso, solicita-se que os denunciados evitem qualquer contato com testemunhas e vítimas.
“A conduta dos denunciados é repulsiva, pois em vez de trabalhar pelo bem-estar da cidade e do povo, traíram a confiança da sociedade e colocaram em risco a integridade do sistema político”, afirma a petição assinada pelos promotores do GAECO.
Testemunhas sob proteção judicial
Devido aos riscos envolvidos, nove testemunhas estão sob proteção judicial, incluindo a prefeita reeleita de Ubatuba, Flávia Cômitte do Nascimento, que confirmou detalhes das denúncias. Em resposta às descobertas sobre o esquema de “rachadinha” e outras irregularidades, a prefeita exonerou 34 servidores comissionados ligados aos vereadores denunciados.
Comments